terça-feira, 31 de agosto de 2010

Pararam as máquinas do JB


Hoje uma grande perda fica registrada no jornalismo brasileiro. É o fim da versão impressa do Jornal do Brasil. Agora será apenas “on line”, depois de 119 anos de circulação.  É lamentável que o empresário NelsonTanure tenha tomado esta drástica decisão. Na verdade acho que a intenção sempre foi essa. Se não sanear e melhorar os lucros, contenção de despesas e se for o caso venda, para não ficar no prejuízo. Depois que a marca JB passou para suas mãos em 2001, foram várias tentativas de recuperar o prestigio da empresa. Todas em vão. Sua gestão é marcada por muitas mudanças. A maior delas de sede, quando saiu da Avenida Brasil para a Rio Branco, e depois para a Paulo de Frontin, no Estácio. Resolveu mudar o layout, um desconhecido e nada convencional Europeu, tipo um tablóide grande, que mais tarde o Jornal O Dia também aderiu, mas com suas diferenças. Inventou colocar a marca JB em uma TV, para substituir a CNT. Mas o sinal não vingou, e a CNT voltou ao ar.

Ele vê com bons olhos o fim da impressão. Alega economia de tempo, preservação do meio ambiente e modernização. Eu como jornalista, não concordo e lamento o fim da circulação desta importante e tradicional fonte de informação. Além de enxugar o mercado do jornalismo, que é o que mais me entristece.

Cresci acompanhando o JB. Em casa quando pequena minha mãe comprava dele. Eu fazia minhas pesquisas escolares e recortava a Revista Domingo. Quando adolescente comecei a me interessar pelas matérias de cidade e editorias de moda. Isso na década de 80. As modelos vestiam Píer, Cantão, Redley e na publicidade tinha anúncios da Company. Eu cortava a marca para colar no caderno. Dã, era uma adolescente...

Foi nas páginas do JB que encontrei meu primeiro emprego. Os classificados eram os mais requisitados pelos empregadores. Eram páginas e páginas. O caderno era bem grossinho.
Sem demagogia alguma, posso dizer que o JB me inspirou a seguir a carreira de jornalista. Era um jornal charmoso, eu gostava de ler, cheguei a ser assinante. Em suas páginas acompanhava as colunas do Ancelmo, mais tarde do Boechat e vi um mito da imprensa morrer: Nascimento Brito.

Visitei a redação para fazer trabalho de faculdade. Depois de formada fiz algumas visitas à redação representando clientes, isso já na Rio Branco. A redação ficava sobre o antigo Banco de Boston, que também acabou. Tive colegas de classe que trabalharam no jornal, como o Leandro Mazzini e minha amiga Ana Filardi, na Publicidade. No caso ele ainda trabalha, está em Brasília, eu acho. São boas lembranças.

Um pouco antes, na adolescência visitei a antiga redação na Avenida Brasil. Lá também funcionava a rádio JBFM e o grupo Legião Urbana fez um daqueles shows ao vivo no estúdio. Eu fui para a porta com algumas colegas da escola e esperei eles saírem para pedir autógrafo. Ficamos ouvindo o show e eles saíram às 19h. Gosto de lembrar disso foi uma época legal. O JB é um amigo muito próximo que está doente e olha que nem tive a oportunidade de trabalhar lá. Procurei a última edição em várias bancas no Centro do Rio e não encontrei. Na Cinelândia jornalistas se reuniram em um ato, na tentativa de impedir essa decisão. Foi em vão. A partir de amanhã acessem o primeiro jornal brasileiro na Internet, e só na internet.

Um comentário:

  1. menina sabe q eu fiquei chocada qdo soube, JB não terá mais expresso, o Baú do silvio santos vai acabar... o q tá acontecendo meu povo? uhahauhauha

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